quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Final da Libertadores


Este último domingo o Corinthians foi campeão do Mundo pela segunda vez. Mas pra isso, ele antes foi campeão da América, e sobre isso tenho uma história que merece ser contada.


Nas fases finais da Libertadores, eu estava em Uganda. Não vi quartas, não vi a semi, mas a final...ah, a final não dava pra perder. Não dava.

Lá estava eu em Gulu, perto da fronteira com o Sudão do Sul. É a segunda maior cidade de Uganda. É tão enorme quanto um ovo.
A única internet que tínhamos era um pen-drive 3G. A gente geralmente colocava em um computador, que compartilhava com os outros. Não era assim tão rápido, mas, pra minha sorte, às 4 da manhã quando o jogo começasse eu certamente seria a única pessoa conectada na Grande Gulu e arredores.

Mas meu maior medo não era a internet. Era a eletricidade. Nos dias anteriores, a luz caía sistematicamente lá pelas 9 da noite. O hotel 1,78 estrelas em que estávamos tinha um gerador, mas ele era muito barulhento e desligava por volta da meia-noite.

Chegou finalmente a quarta-feira. Eu insisti pra que todos, TODOS os meus colegas carregassem seus computadores durante o dia inteiro. "O dia INTEIRO, eu preciso dessas baterias cheias, entenderam?? É muito importante!"
Anoiteceu, a luz acabou. Jantamos, bebemos umas cervejas...o gerador desligou. Tudo como esperado.
Meu amigo Lari pediu pra que eu o acordasse na hora do jogo, apesar de ser finlandês ele gostava de futebol e queria assistir o jogo comigo. Infelizmente o Lari não tinha computador...

Lá pela 1 da manhã fomos deitar. Meu colega de quarto era um dos computadorizados. "Olha aí João, a bateria tá cheia! Eu vou assistir um seriado aqui, mas fica tranquilo que a bateria dura 6 horas." Beleza...o computador era dele, quem era eu pra dizer não...mas me deu um medinho. Deu sim. Dormi.


O meu celular tinha um despertador falante. "The - time - is - three - forty five - it's time to wake up." Levantei num pulo. Olhei pro lado...Meu amigo tinha dormido. E foi aí que senti o soco no estômago. O computador ficou ligado. "Ai baralho.". 1 hora de bateria. "BARALHO!". Peguei o laptop e corri pro quarto do Lari. "Cara, LEVANTA! Tá na hora do jogo. Mas você não vai ver. Você vai acordar todo mundo e arranjar um computador!"


Montei o notebook moribundo na varanda do hotel. Escuridão total e absoluta. Momentos de ansiedade, enfia o 3G, conecta, canaistv.net, rede globo, fecha propaganda, fecha, fecha...
Até que finalmente, ali na minha frente, o tão sonhado jogo. Deu tempo! Deu tempo... Mas a bateria...olha, não sei qual é o problema da Apple e seus macfagcomputers, mas só de abrir o jogo eu tinha mais 40 minutos, e a bola ainda nem tinha rolado. Não ia dar nem pro primeiro tempo.

Ainda demorou uns 10 minutos pro Lari voltar, não com um, mas DOIS computadores. É um santo, o Lari. Ele insistiu muito pra acordar as meninas, e meio de má vontade elas emprestaram os computadores...Caramba. Eu tinha pedido tanto. "Mas que se dane, eu perco a amizade mas não perco esse jogo."
O jogo foi rolando, a bateria acabando...o brilho da tela diminuindo...já deixamos o segundo computador aberto do lado. Falta de ataque. Jogador caído. "É agora!", arranca o 3G, enfia no novo, conecta, canaistv.net, rede globo, fecha propaganda, fecha, fecha... uns dois minutos que em final de Libertadores são uma eternidade. Na minha mente já tinham saído uns quarenta gols e eu tinha perdido todos.

Voltou. Tava zero a zero ainda. Ufa.
E a bateria? Ahh, a bateria...a bateria tinha mais 30 minutos. Cacilda.

Pelo menos dava pra acabar o primeiro tempo. No intervalo trocamos com calma, tínhamos mais 3 horas de bateria, tudo certo. Computador estava resolvido...mas o jogo não. Ah, não.


Olha, no primeiro gol, eu ainda me controlei. Naquele silêncio das cinco e meia, que de tão denso dava quase pra agarrar nas mãos, eu soltei um "Gol!" que parou a meio metro do meu nariz.
Mas o Boca é marrento, não tinha nada decidido, jogo nervoso... Mas aí o Emerson roubou a bola no meio-campo. E aí o Emerson correu em direção à área. Aí o Emerson ficou cara a cara com o goleiro, e aí e aí...e aí, caramba, e aí é GOL!
Gol não, é GOOOOOLLL é gol GOL GOL!!!

Segundo meu amigo, acordei uma criança Sudão. O Sudão e Gulu inteira. Que se dane. É campeão. É o fim, acabou. É Corinthians, é nóis, e vai pra ponte que caiu, vai curintia.



Não dormi. Umas duas horas depois do fim do jogo, eu estava numa escola, ainda um pouco bêbado ajudando a instalar um painel solar. Fui precavido e não subi no telhado, mas isso quis dizer que eu tive que ficar logo abaixo dele, botando as porcas nos parafusos. Ficar com a cara enfiada na telha de zinco é ficar com a cara num forno assando bolo de fubá. Mas isso é outra história. A América agora era corinthiana. A América, e Gulu.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Felicidade é uma arma quente, Liberdade é um frango grelhado


"I paid most attention to what kind of food he ate outside the camp."

"What kind of food he had eaten?"

"A lot of different things. Broiled chicken. Barbecued pig. The most important thing was the thought that even a prisoner like me could eat chicken and pork if I were able to escape the barbed wires."

"I've heard people define freedom in many ways. I've never heard someone define it as broiled chicken."

"I still think of freedom in that way."

"That's what freedom means to you?"

"People can eat what they want. It could be the greatest gift from God."

"You were ready to die-- just to get a good meal?"

"Yes."




Trecho da entrevista com o norte-coreano nascido em um campo de prisioneiros que, após 23 anos, conseguiu escapar. Entrevista pra quem gosta de ler e pra quem gosta de assistir.

Tendo completado 23 anos recentemente, fiquei envergonhado de estar aqui, preocupado com bobagens...

Desvio padrão

Quando pequeno o menino diz
"Quero ser astronauta e marinheiro"
Desiste, tenta engenheiro
Acaba infeliz.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O idioma de bebê

Em outubro do ano passado, quando a gente foi tomar as vacinas pra ir pra Uganda, uma das moças do grupo, que já era casada, levou o filhinho pequeno com ela.

Ele era muito simpático e risonho, e também muito falante. Ficava o tempo todo se comunicando "Aoiu alala bapuuu io aueu".


Infelizmente, eu não soube identificar se ele estava falando finlandês ou idioma de bebê.

domingo, 18 de novembro de 2012

A Batalha do Somme

Em 18 de Novembro de 1916, exatos 96 anos atrás, terminou a Batalha do Somme, após 4 meses, 2 semanas e 3 dias e mais de 1000000 de baixas. Sim, um milhão. Fiz questão de botar os zeros.

Julho 1916: Soldado britânico em uma trincheira alemã. 
Notem que as paredes do lado que o soldado está vigiando não são verticais. Esta na verdade é uma trincheira capturada dos alemães, portanto ele está vigiando a "retaguarda".


Os comandantes britânicos acreditavam que trincheiras confortáveis acabariam com o "espírito ofensivo" dos soldados, e por isso não aceitavam gastar recursos em torná-las melhores do que meros buracos na terra. Já os alemães dedicavam muito mais atenção a este quesito. No fim da guerra, existiam trincheiras com vastas salas subterrâneas, forradas com tapetes.

É fácil notar a diferença:

Setembro 1916: Infantaria neo-zelandesa.

É relevante também a estreia de ainda outra tecnologia bélica: o tanque de Guerra:

Setembro 1916: Tanque britânico Mark I


Ao fim Batalha do Somme, a Entente (Inglaterra e França) havia avançado cerca de 6 milhas, ao custo de aproximadamente duas vidas por centímetro ganho. Isso, claro, sem contar as baixas inimigas.

sábado, 17 de novembro de 2012

As línguas Landesas

Lembrei de uma que aconteceu faz tempo.

Ainda antes de ir, eu comecei a aprender um pouco de finlandês. Fui em uma livraria, e o seguinte diálogo se sucedeu:

"Oi, boa tarde, por acaso vocês têm livro de finlandês?"
"Não, finlandês não...mas tem tailandês, serve?"
"É...não tem muito a ver não, é em outro continente..."
"Não, olha aqui ó!"

[...]

"É então...tem que ser finlandês mesmo, esse aqui é até outro alfabeto."
"Tem certeza?"
"É, um pouco, acho que sim...obrigado."


Mas se você parar pra pensar, até que faz sentido. Esse negócio de organizar os países por continente é tããão era geológica passada... Finlândia, Tailândia, Groenlândia, qual a diferença?

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Hoje não, hoje não... hoje sim


É. Faz tempo.

Da última vez que escrevi, estava em Gulu, Uganda. Desde então, muita coisa aconteceu.

Voltei de Uganda para a Finlândia, da Finlândia para São Paulo, de São Paulo para lugar nenhum. Eu moro em São Paulo.

Ora bolas, tenho que me formar. É basicamente a isso que tenho me dedicado desde que cheguei, no fim de Julho.

Eu pensei quase nada muito sobre o que escrever aqui, e cheguei à conclusão que melhor seria trazer um pouco de cultura e delicadeza a este blog abandonado. Taí um poema que escrevi quando tava no colegial:


Fim do mundo

Salto sem pára-quedas
Um pulo no vazio
Mergulho na escuridão
Uma queda no frio

Não tem começo, não tem fim
É o fim da minha vida
Eu me sinto sempre assim
Na aula da dona Zilda

terça-feira, 26 de junho de 2012

Update de Gulu

Agora estou em Gulu, no norte de Uganda. Internet e tempo livre tem sido artigos raros, por isso o silêncio por aqui. Meu dia hoje não rendeu porque não tínhamos eletricidade. Agora são três da manhã e eu queria escrever aqui, mas quem tá sem energia agora sou eu. Fica pra próxima, me desculpem.

(Mas vocês também podem acompanhar detalhes mais técnicos aqui)

domingo, 17 de junho de 2012

Transporte em Kampala

Kampala não tem linhas de ônibus como na Finlândia. Também não tem bondes, muito menos metrô. Locomoção a grandes distâncias acontece de carro, táxi ou boda-boda.

Por aqui se usa mão-inglesa, ou seja, os carros dirigem na esquerda. Paulistano que sou, não me impressiono fácil com trânsito, mas o fato é que dirigir um carro ou qualquer outra coisa por aqui requer um nível considerável de habilidade. "Caos" é uma boa definição pro que se vê, mas mesmo assim em um total de três semanas em Uganda não vi nenhum acidente.

Se você tiver os telefones certos, é possível chamar um motorista que te leva pra onde quiser, exatamente como um táxi tradicional. Sim, porque o que se chama de "táxi" por aqui são na verdade vans que operam como o que se esperaria de um ônibus urbano: eles saem de um ponto A e vão até um ponto B, pegando e deixando pessoas pelo caminho.

Mas o mais pitoresco são os boda-bodas. Eles são na verdade uma espécie de moto-táxi. Ficam esperando clientes e quando vêem algum candidato já saem gritando tentando chamar atenção (especialmente se for um gringo). Isso quando não saem pilotando a moto pra cima de você.



terça-feira, 12 de junho de 2012

Barreiras para imigração

O voo saindo de Helsinki atrasou e acabamos perdendo nossa conexao em Londres. A British Airlines nos providenciou hotel e transporte, e aqui estamos esperando o proximo voo para Entebbe, esta noite.

Logico que eu preferia a esta hora estar em Kampala fazendo o que me preparei para fazer, mas acho que de tudo o que aconteceu, a unica coisa que realmente me incomodou foi a imigracao para entrar no Reino Unido.

Tudo que precisamos fazer eh mostrar o passaporte, mas isso parece uma tarefa imensa. O clima é intimidador. Voce se sente o tempo todo sendo questionado "O que voce pensa que veio fazer aqui?". Po, eu nem queria estar nesse pais estupido, desculpa ai o incomodo, chefia!

Mas o que realmente pega no brio sao os pequenos detalhes. Cidadaos europeus tem duas filas, obviamente quase vazias e andando rapido. O "resto" se junta em uma imensa fila de lesmas. Só tem ar condicionado do outro lado da "fronteira", e por isso durante uma hora ou mais voce é obrigado a esperar para ser interrogado suando como um porco. O que realmente me irritou foi o tratamento que deram a minha amiga chinesa. Ela precisaria de visto pra entrar no Reino Unido, e ela obviamente nao tinha, pois nao era para estarmos aqui agora. A companhia aerea providenciou um certificado explicando a situacao, algo que deveria ser rotineiro naquele enorme aeroporto...mas claro que isso nao era suficiente, e ela alem de ter que responder a inumeras perguntas sobre toda a vida dela e esperar ainda mais no canto, ainda teve que ouvir um "se eu nao gostar de voce, nao entra no Reino Unido, ta entendendo?".

Com as Olimpiadas chegando, se esse eh o tratamento que eles dao aos turistas, eu tenho ate medo de imaginar o que nao fazem com os que consideram "terroristas".


E frente a essa situacao ridicula, eu me pergunto: por que eles buscam tanta proteção? De quem é que eles tem tanto medo? De mim ou minha amiga não é. Honestamente, acho que eles tem medo é deles mesmos, medo de que os antigos pecados passem pelas grandes barreiras e voltem para os atingir.

Certas nações foram construídas em sangue, lágrimas e ouro roubado. Mas isso é passado. O futuro esta aí, para ser escrito, e não precisa ser da mesma forma. Se eles percebessem isso, talvez não precisassem mais de tantas proteções e barreiras.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Até mais, Finlândia

So long, and thanks for all the fish.

Dentro de muito em pouco tempo embarco rumo à Pérola da África. Não sei com que frequência vou postar aqui, mas o nosso plano é atualizar diariamente o Blog e/ou Twitter, então pra quem tiver mais interessado (aquele beijo, mãe), sugiro que os visitem.

Dúvida pertinente: será que eu deveria mudar o nome do blog pra Ulado na Raganda?


Bônus: a passagem do tempo.

26 de agosto

21 de outubro

7 de janeiro

15 de fevereiro

2 de abril

3 de maio

19 de maio

24 de maio

6 de junho

terça-feira, 5 de junho de 2012

O futuro

Escolhas, escolhas...eu não quis falar no outro post porque ainda não tinha certeza se ia acontecer. Mas agora as passagens já estão compradas, então posso compartilhar:

Segunda-feira (11 de junho) estou indo pra Uganda. Vou ficar lá pouco mais de um mês, volto pra Finlândia dia 15 de julho.

Quando escrevi o post passado, eu tava pensando não só em como o fato de ter seguido a banda mudou meu ano finlandês, mas também meu verão (que teoricamente era pra ser me bronzeando na Europa) e muito provavelmente meu futuro...porque meu objetivo pessoal nesse mês que está por vir é acertar os próximos passos para continuar o desenvolvimento do sistema de monitoramento remoto para latrinas.

Sistema de moni-o-quê?

Monitoramento remoto de latrinas.



terça-feira, 29 de maio de 2012

A "noite"

Esse fim de semana fui para a casa de campo de uma amiga, em Luhanka. Essa é uma tradição daqui, quase todo mundo tem um chalé na beira do lago para onde eles escapam nos fins de semana e feriados. O contato com a natureza é importante para os finlandeses. A maioria dessas casinhas foram construídas por eles mesmos ou por algum antepassado. No caso dela, foi o avô quem construiu.

Fiz um vídeo exatamente à meia-noite. Ouçam o silêncio:


Ainda não peguei as fotos. Depois eu posto algumas aqui.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Escolhas

Mas o que eu vim aqui falar era outra coisa. Era sobre o poder das escolhas.

Não sei se já contei como me envolvi no projeto de Uganda. Logo quando cheguei, busquei me integrar logo com o novo ambiente. Um amigo me chamou pra um evento de recepção aos calouros, e eu fui. Lá, conheci um cara mais velho que nem era pra estar lá, mas estava. Ele ia viajar pro Brasil em dezembro, e ficamos conversando. Chamava-se Mikko.

Alguns dias depois, teve uma grande festa para marcar o início do ano letivo. Era para todos envolvidos com a universidade; professores, alunos, funcionários... Algumas fotos:

Era aniversário do Corinthians. Na esquerda está o Mikko.
A foto que já tinha postado mas não explicado.
O pessoal da Mecânica tinha uma catapulta jogando balões d'água.
Meu colega conseguiu pegar.

Eu passei a tarde nessa festa com os calouros que tinha conhecido no outro dia. Lá pelas tantas, tava chovendo, eles resolveram ir pra outro lugar e me chamaram pra ir com eles. Eu falei que sim...mas olhei pro lado, e vi uma bandinha passando. Na hora, resolvi ir lá assistir. Eles não quiseram, mas a banda estava me chamando. Eu falei que os encontrava depois, e segui a banda.

Sozinho.

Sozinho, mas por uns 30 metros. Porque encontrei de novo o Mikko. E começamos a conversar de novo, e ele perguntou "você conhece aquele prédio ali?". Falei que não. Era a Design Factory, que tanto falo.

Ele me levou pra conhecer. Me mostrou tudo, falou das coisas que aconteciam ali...e em determinado momento falou "ah não, vc precisa conhecer aquele cara". Era um professor. Ele começou a falar do curso que ele organizava ali mesmo, na Design Factory. Era o PDP.

Em cinco minutos de conversa eu já tinha mudado meus planos para o ano que começava: ia largar duas outras matérias para fazer o tal do PDP.

E no PDP, escolhi (e fui escolhido) para o projeto de Uganda.


Talvez se eu não tivesse seguido a banda, meu ano seria muito, mas muito diferente. Talvez tivesse ido a mais festas, passado menos noites em claro, talvez tivesse escrito mais neste blog. Talvez tivesse tido tempo pra me dedicar a aprender finlandês. Quem sabe? Eu não tenho como saber. A única certeza que tenho é que não teria visto a banda cuspindo fogo nem iria para Uganda, mas fora isso, é bem difícil imaginar.

Naquela fração de segundo, eu escolhi ir ver a banda. Alguma coisa me chamou. Pareceu besta no momento, mas quanto mais penso nisso, menos acho que era assim tão besta.

E a cada minuto que passa, sinto-me mais grato por aquela sábia decisão.


Edit: eu tinha comentado sobre isso neste post. Relendo, acho que já imaginava o quanto esse dia ia mudar minha história...

O fim do PDP e o MoA

Eu vim aqui pra falar de outra coisa, mas faz um tempo que não dou notícias, então este post era necessário.

Dia 27 de Abril aconteceu a cerimônia de encerramento do Product Development Project, a matéria do tão falado projeto de Uganda. Link para a última sessão de apresentações (o nosso começa aos 36:55).

E no dia 8 de maio começou o MoA 2012, Masters of Aalto University. É um evento anual da escola de artes da Aalto em que os alunos apresentam seus trabalhos. O galpão onde ele ia acontecer não tinha banheiros adequados. Para muitos, um problema. Para nós, uma oportunidade.

Trabalhamos com os arquitetos que projetaram os banheiros a serem construidos, e incorporamos algumas das nossas ideias neles. As torneiras utilizadas são as que desenvolvemos, a água utilizada para lavar as mãos escoa para um pequeno jardim. A área também tem uma exposição similar à que preparamos para o evento de 27 de Abril.

Eu também arranjei meu primeiro "emprego" finlandês, fazendo a manutenção dos banheiros. Como não há encanamento, temos que esvaziá-los. Carregar e esvaziar galões de 20 litros de urina realmente faz você repensar alguns conceitos.

Mais informações e fotos no blog do projeto.

sábado, 5 de maio de 2012

O poder da camisa social

Eu trouxe do Brasil um monte de camisa de futebol por um simples motivo: depois de lavar, não precisa passar. Então se eu não to usando uma dessas, eu to com uma camiseta de algodão... amassada, claro.

Um tempo atrás vi uma loja em promoção e comprei uma camisa social por, sei lá, uns 5 euros. Bonita, nova. "Vai que um dia eu preciso."

O fato é que o dia que eu precisaria de uma camisa social nunca chegou, ou se chegou, eu não percebi e apareci vestido de Ronaldo no Curíntia. Mas ontem, por nenhum motivo especial, resolvi usar a tal camisa. Nada demais, calça jeans e mangas arregaçadas até o cotovelo.

O fato é que três meninas que me vêem praticamente todos os dias falaram a mesma coisa: "You're looking handsome today, João!". Minha resposta pra todas foi "I look handsome everyday, you just washed your eyes better this morning."

Se bobear eu tava precisando de uma revisão do meu guarda-roupa. Ou não...podem acabar pensando que sou um cara sério. Vai Curíntia!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

"Oh, and buy some cabbages too!"

No outro sábado a gente tava na Design Factory construindo os banheiros que vamos ter na Gala próxima sexta...vieram alguns ugandenses também, e um deles trouxe chapati, uma espécie de pão. Daí um amigo espanhol e eu fomos no mercado comprar coisas pra fazermos rolex, uma comida popular em Uganda. Eles falaram pra gente comprar ovos, tomate, cebola, etc etc...e por último, "cabbages".

Beleza, fomos no mercado, e pegamos tudo...mas faltavam... cabbages. Paramos os dois na frente dos vegetais. Alguns momentos passaram, até que eu falei:
"Dude, get the cabbages."
"I don't know what cabbages are."
"You're kidding me! You don't know what cabbages are?!?!"
"No."
"Me neither."

Aí peguei meu celular...Google Translate > cabbages > Português

"It's 'repolho' in Portuguese! Do you know now?"
"No."

Google Translate > cabbages > Espanhol

"It's 'col'. Do you know now?"
"Yep!"
"OK, you can get them."
"I don't know how they look like."
"You're kidding me! You don't know what cabbages look like?!?!"
"No."
"Me neither."

Google Search > cabbages > Imagens

"It's that one. Let's go."

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Traí meu amor

...mas foi por uma boa causa. Voltei a usar Arduino.

"Quê?", você pode estar se perguntando. Leia o último post que você entende. E depois leia o post do blog do projeto que explica um pouco mais do que tenho feito nos últimos dias:

http://aalto-uniceffinland.idbm.pdp.fi/2012/04/the-happiest-text-message-in-the-history-of-mankind/

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Amor verdadeiro

Eu geralmente sou meio fechado sobre esse tipo de assunto, mas preciso falar: tô apaixonado. Não conhecia antes, mas depois dessa semana...ahh, meu coração bateu mais forte.

O nome dela é Teensy. Aqui uma foto dela:


É uma plaquinha com um microcontrolador. "Quibom", você deve estar pensando, mas eu explico: é um mini-computadorzinho no qual vc pode ligar várias coisas e fazer, bem, basicamente o que quiser com ele. Motores, luzes, sensores, chaves, botões, o que sua mente maluca desejar.

A mágica dele é que também é compatível com Arduino. Com o passar do tempo, os componentes (sensores, LEDs, motores...) ficaram muito baratos. Apesar do baixo preço, eles não eram acessíveis pra todo mundo por que nem todos tinham o conhecimento necessário pra mexer com eles, muito menos usar um microcontrolador pra operar esse monte de tranqueira. Foi pensando nisso que os criadores do Arduino desenvolveram, bem, o Arduino.

Com o ele, fica muito fácil "brincar" de eletrônica e programação. É extremamente fácil conectar os periféricos, e a placa já tem todos os componentes básicos embutidos. Ou seja, é só ligar um cabo USB (que você provavelmente já tem e nem sabe) e em questão de minutos começar a ver os resultados.

A internet tem bilhões de exemplos, então o aprendizado é muito rápido. Boa parte das pessoas brincando com Arduino não é especialista, então é tudo feito de uma forma que qualquer um possa entender e, porque não, brincar também.

Resumindo: é genial.


Essa plaquinha aí da foto que achei no google é um pouco diferente do Arduino original porque além de ser minúscula também permite programação em C, que é mais flexível que a do Arduino (mas um pouco mais complicada).

Vamos usar uma dessas no projeto. Nós vamos fazer...ah, outro dia eu conto.

terça-feira, 27 de março de 2012

Faz tempo que não dou as caras por aqui

É que não tenho nada pra contar.

Segura aí uma foto:


EDIT:
Pô, como assim nada...nesse meio tempo minha mãe e minha tia vieram me visitar. Tenho comido feijoada todo domingo desde então! Ô beleza...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Outra visita ilustre

Pra quem achava que a Finlândia é meio mundo de distância de casa, até que tô recebendo bastantes visitas. Na outra semana, em um belo domingo de sol e neve, tava falando no Skype com um amigo e ele disse que tinha umas férias acumuladas pra tirar. "Posso ir pra Finlândia?", ele perguntou, e falei que claro que sim.

Na sexta-feira seguinte eu tava buscando ele no aeroporto.

Foi tão rápido que boa parte dos nossos amigos no Brasil não acreditou que ele tinha vindo mesmo. Pra acabar com qualquer dúvida, publicamos algumas fotos no Facebook pra provar:

Lucas na Finlândia

Uma foto juntos

Pra quê acabar com as dúvidas se fanfarronice é muito mais engraçado? Hehe. Mas o fato é que a criatura veio mesmo. Ainda demos sorte e no último dia dele aqui teve mais um daqueles eventos finlandeses loucos que eu não entendo nada: uma galera (por galera entendam milhares e milhares de estudantes da TKK) foi prum parque em Helsinki descer o morro de trenó.

Pôr-do-sol em Otaniemi

Cavalgando a rena de neve






segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Feijão com tudão

Às vezes me arrisco na cozinha. Hoje foi um desses dias. Eu acredito muito na filosofia de que coisa boa somada com coisa boa sempre fica bom. Fiz o famoso feijão com tudão:

Feijão com tudão

Ingredientes:
- 1 Feijao Camil "Aqueça e pronto" (se na caixa não tiver escrito "Aqueça e pronto" não serve)
- 1 geladeira (de preferência com comida dentro)
- sal a gosto

Modo de preparo:
Pegue uma panela razoavelmente limpa (se não tiver limpa, passe uma aguinha), jogue o feijão e depois jogue tudão que tiver na sua geladeira e não tiver passado da validade.

Dica:
Quanto mais alto o fogo, mais rápido você estará comendo.

Esse da foto tinha feijão, salsicha, ovos e queijo. O prato final ainda tinha arroz, batata palha, milho e cabelo. É, depois de um tempo acabei achando um cabelo.

Garanti minha dose de proteínas e minerais do dia e também a dose de metano de amanhã!


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

-26 graus em Turku

Em julho, o primeiro que disser que está feliz porque "ama o frio" quando fizer 12 graus em São Paulo, eu juro que vou mandar à merda.

O segundo e o terceiro também. E todos os outros.

Você "ama" o "frio"? Vá à merda.

:)

sábado, 28 de janeiro de 2012

Enfim, fotos de Uganda

Graças a um trabalho hercúleo da minha mãe, e de algumas parasitadas nas seleções que meus amigos tinham feito, tomem aí algumas fotos da viagem pra Uganda.

Tem mais neste link.

E uma explicação da viagem neste outro.


Chegando 

UNICEF Uganda em Kampala 
Testando o computador rural

Pinturas tradicionais ugandenses
Preparação para a viagem a Gulu
Vila tradicional
Mercado em Gulu


Essa menina é a criança mais risonha que já conheci!








Pintura com as mãos

High-five!
Lavando as mãos



Nosso prof. Pardal em ação



Nosso hotel em Gulu



Às vezes água é tão preciosa que não pode ser desperdiçada.


Bombas de água são muito usadas no país


Buscar água é um trabalho culturalmente feminino, não importa a idade.

 

Nem sempre há água ou torneiras para lavar as mãos
Reparem como não há torneira. A água ou escapa toda ou fica parada dentro do tanque,.




Não, isso não é pudim de chocolate.

Tentando juntar tudo o que vimos e aprendemos.