terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Portuñol

Escrevo diretamente da rodoviária de Valencia. Vim para o ônibus das 7 da manhã que nunca existiu e tive que esperar até às 10. Tentei comprar a passagem ontem, mas vim bem na hora da siesta. Quando postar, provavelmente estarei em Zaragoza, mas o fato que importa e que quero registrar aqui é que vim para a Espanha passar o Natal.

Tinha 3 amigos (agora 4, o que nao conhecia é gente finissima) estudando em Valencia. Vim pra cá dia 20 vê-los. De quebra ainda fui pra Madrid ver um amigo antes que ele fosse pra Purtugau-Bacalhal e agora estou indo pra Zaragoza ver o Daniel que estuda comigo em Helsinki. Muitos outros também vieram e daqui vão dar seus passeios pela Europa. Eu volto dia 29 pra Finlândia.

Confesso que foi estranho passar meu primeiro Natal longe daqueles que amo, mas ver aqueles conhecidos rostos politécnicos me encheu de alegria. Foram noites de quase nenhum turismo e muito ping-pong valenciano, um esporte que privilegia a técnica, a destreza e o verdadeiro ping-pong arte.

A lição que levo das terras de Castilha é que o portuñol funciona mais do que imaginava. ¿Vale, macho?

domingo, 11 de dezembro de 2011

A maior quebra de expectativa

Comprei esse suco achando que era suco de laranja. Um gole depois, olhei horrorizado de novo pra caixa e pra meu desespero li "appelsiini-cola mehujuoma". Appelsiini eh laranja, mehujuoma eu nao fazia ideia, mas o problema nao era esse. Era o "cola".

Comprei um mix de Schin-cola com fanta laranja sem gás. Ó Senhor, tenha piedade desses finlandeses! Sinto que paguei todos os meus pecados em um só gole.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O que farão com as escolas?

Lembrei de outro episódio de Uganda que quero compartilhar aqui.

Por lá, as famílias são bem grandes. Não sei exatamente qual é a taxa de fecundidade média (número de filhos por mulher), mas deve ser lá pelos 5 ou 6. Pra um brasileiro o choque não é tão grande assim, mas pra quem nasceu e cresceu na Finlândia, onde quase não se vê crianças na rua, é uma diferença e tanto. Lá existem muitas crianças, e também muitas escolas primárias. Por "muitas" entendam muitas mesmo, às vezes separadas por menos de 100 metros.

Muitas escolas primárias, mas não muitas escolas secundárias.


Uma das meninas do nosso grupo um dia comentou casualmente: "Puxa, o que eles vão fazer quando essas crianças crescerem? Construir coisas aqui é tão difícil...será que vão transformar as escolas primárias em secundárias?"

Achei bonita a inocência desta pergunta. Na hora, preferi não compartilhar o pensamento sombrio que tive como resposta. Tampouco o explicitarei aqui, melhor deixar subentendido...

Há trabalho a ser feito. Mãos à obra!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A apresentação da Gala de Natal

Eu tava sem tempo pra escrever aqui, mas é porque tava fazendo isso aqui, ó:


http://vimeo.com/33296495


Aalto-Unicef Finland apresentando seu progresso até agora na Gala de Natal do curso PDP da Aalto University.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Minha maior alegria na Finlândia

Com os horários nem tão apertados, eu posso me dar ao luxo de dormir e acordar a hora que quiser. A maior parte das vezes eu trabalho ou em casa ou na Aalto Design Factory. Hoje, por exemplo, acordei às 2 da manhã. Até tentei dormir mais, mas minha cabeça tava a mil.

Living the dream!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Neve e o porque de meu laconismo

Nevou! Finalmente! Tudo bem que ainda tá mais que 0ºC e derreteu tudo imediatamente, mas o fato é que hoje nevou pela primeira vez neste inverno. Ano passado a essa altura do campeonato já tinha mais de meio metro de neve...meus amigos tão dizendo que nunca na vida tinham visto chuva em Dezembro. Mas enfim nevou. Eu dei sorte que tava lá fora na hora, minha amiga tirou umas fotos:



Faz muuuuitos dias que eu tô pra escrever aqui contando a quantas anda o projeto. Mas ele tem consumido todo o meu tempo. Estamos organizando tudo que aprendemos em Uganda, de diversas formas, para que seja útil no futuro quando começarmos a desenvolver o produto final.

Além disso, quarta-feira é a Gala de Natal. No fim do ano letivo (abril) o curso é encerrado com uma noite de gala em que todos os projetos são apresentados. Em dezembro acontece um "ensaio geral" disso.
Nas primeiras apresentações que tivemos, a gerente do nosso projeto ("chefinha" pros íntimos) se sentiu um pouco insegura, então dessa vez ela pediu minha ajuda pra apresentar com ela. Nós optamos por gastar bastante tempo nos preparando bem. Desde sexta praticamente a única coisa que fizemos foi isso. Os slides estão sendo feitos pelo nosso neo-zelandês do time, que já voltou para a Austrália. Pelo fuso, ele trabalha enquanto a gente dorme, e quando acordamos já está tudo pronto.

Amanhã é feriado da independência da Finlândia. Se precisarem de mim, estarei na Design Factory ensaiando.


PS: vai rolar transmissão ao vivo pela internet na quarta. O grupo Aalto-Unicef Finland começa às 16h20 (12h20 do Brasil).
https://www.facebook.com/events/261133743935868/

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Guerra de Inverno

Não sei quem de vocês gosta de história nem quem tem Twitter, mas recentemente eu descobri um que achei muito interessante. Em inglês e português, e também no Facebook. Ele está cobrindo a segunda guerra mundial "ao vivo". Pra quem gosta de história, é um prato cheio. Diversão garantida pros próximos 6 anos.


Legal, e o que isso tem a ver com este blog? Muito mais do que vocês imaginam!

Stalin nunca engoliu o fato de a Finlândia ter aproveitado a instabilidade da Revolução Comunista de 1917 e proclamado a própria independência do Império Russo. Na escola, muito se fala do "General Inverno" que derrotou Napoleão e Hitler quando invadiram a Rússia. Mas o que nem todo mundo sabe é que no inverno de 1939-40 foi o inverno finlandês que detonou os russos.

O Exército Vermelho tinha cerca de 3500 tanques e quase 4000 aviões. Os finlandeses tinham 30 tanques, 62 aviões e um terço do contingente soviético. O plano era "libertar" o povo finlandês e lá instalar um governo fantoche. A expectativa era de que assim que os russos cruzassem a fronteira, o povo finlandês se rebelasse contra o governo e aclamasse os invasores como seus líderes. Mas não foi bem isso que aconteceu.

Os finlandeses não só recusaram a benção da ditadura soviética como, aproveitando a vantagem de estarem lutando em casa, também deram um pau nos russos, pra falar o português claro. É verdade que no fim tiveram que entregar a Karelia, mas foi um preço baixo comparado ao que Stalin realmente aspirava.

Pra quem gosta de ler artigos: http://en.wikipedia.org/wiki/Winter_War


No Twitter, a ofensiva começa amanhã (é, eu não aguentei a curiosidade e procurei a data, apedrejem-me). Os russos estão estacionados na beira da fronteira e acusam os finlandeses de terem bombardeado anteontem uma vila do lado russo. A verdade é que a vila está fora do alcance dos canhões finlandeses, mas os jornais soviéticos publicam provocações contra os imperialistas que oprimem o povo da Finlândia.

Aguardemos.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Não tão querendo usar? Lobotomia neles!

Acho que não ficou claro o suficiente então vou explicitar: no post passado não defendo nem critico construção de usina nenhuma. Eu critico é o acefalismo que percebi na atitude de muita gente nesses últimos dias. Olha, sinceramente, se tem uma coisa que eu odeio é gente estúpida por opção.

Não tem problema nenhum em...hum...ter o teto baixo! Cada um tem seu limite. Cabe a cada um de nós tentar se superar e respeitar o próximo. Mas preguiça de pensar...ah, não, isso eu não respeito.

O que me fez postar o que postei foi o fato de ter visto muita gente da USP, gente que se auto-intitula a "elite intelectual do país" divulgando o vídeo. Só podem tar de sacanagem. Hoje em dia é legal pagar de 'cool' defendendo bichinho e abraçando árvore, mas ler meia dúzia de páginas pra entender um pouco mais...ah, não, pô. Mór preguiça.

Quem assistiu o segundo vídeo - no qual são apresentados os dados reais e feitas algumas contas em cima do que é falado no primeiro, sem emitir NENHUMA opinião contrária ou favorável - percebeu que a globo tá com uma epidemia séria de diarreia bucal.


Em tempo: minha opinião pessoal sobre a usina é inconclusiva. Baseado nos dois anos de engenharia elétrica que fiz (meu curso chama-se Engenharia Elétrica com Ênfase em Computação), sei que aquela região tem um déficit energético que nos próximos anos cobrará seu preço - lembrem-se que não se constrói uma usina da noite para o dia. Sei também que as bacias hidrográficas do Sudeste estão praticamente saturadas de usinas, mas isso não resolveria o problema daquela região, porque quando cursei Eletromagnetismo aprendi (às duras penas, diga-se) que transmissão de eletricidade a longas distâncias implica em perdas enormes. Em outras palavras: é como carregar água num balde furado.

O que eu NÃO sei é o quão grande é o impacto ambiental e humano do projeto como é hoje. Por não saber disso, não acho que tenho envergadura moral pra assinar petição nenhuma. Mas tenho certeza que vai ter algum leitor que saberá nos ensinar um pouco sobre essa questão. Poste nos comentários, por favor.

A Usina de Belo Monte

Brasileiro adora dar opinião sobre coisa que não entende. Na copa do mundo, são 200 milhões de técnicos dando seu pitaco. Semana passada fiquei embasbacado com a quantidade de doutores em energia e meio ambiente que eu conhecia e nem sabia!

Não sei quem aqui já viu o vídeo que circulou nesses últimos dias do movimento gota d'água. É um vídeo com atores da globo metendo o pau na usina de Belo Monte que está sendo construída.

Na minha particular visão de mundo do simples politécnico politicamente alienado, reacionário e egoísta que sou, opinião dada por ator da globo é sinônimo de besteira. Mas pra quem não viu, taí:


E já que você tá com tempo de sobra pra ler este ridículo blog e para assistir campanha de ator da globo, veja também este outro vídeo. Não se deixe assustar com os números, não é nenhuma ciência de foguete - quem estudou frações na escola é totalmente capaz de acompanhar:


E da próxima vez, pense melhor antes de se deixar levar pelo que a Juliana Paes fala, pois ela, como engenheira, tem uma belíssima bunda. Nada mais.

sábado, 19 de novembro de 2011

O ar na Finlândia

O ar na Finlândia é bem limpo. Pra quem vem de São Paulo, como eu, é notável a diferença. Mesmo em Helsinki, a maior cidade daqui, o céu é bemm claro.

Agora lá fora tá -1ºC. Se você está se perguntando como é respirar um ar assim, faça o seguinte: vá até a cozinha, abra o freezer e ponha a cabeça dentro. Pronto! Agora você já sabe.

Depois poste aqui seu comentário sobre sua experiência finlandesa.

As doenças


No final da primeira semana, alguns de nós começaram a ficar doentes. Estávamos com uma rotina pesada, trabalhávamos 12, 14 horas por dia, dormindo pouco, e isso começou a cobrar seu preço.

Dos 12 que vieram da Finlândia, 10 tiveram alguma coisa. Até uma das meninas de Uganda ficou um dia de cama.

Quando começamos a ter baixas, já estávamos de volta em Kampala. Estávamos confortavelmente hospedados na YWCA (Young Women's Christian Association), com eletricidade e água encanada. O banheiro ficava a dez passos de distância, e nós trazíamos água e comida pra quem tinha ficado de cama. O meu colega de quarto que ficou 4 dias deitado tinha antibióticos para tomar.

Mas isso nos fez pensar. E se fôssemos uma daquelas famílias que visitamos?

Pra nós, a diarréia e resfriado foi mais um inconveniente do que um risco. Perdemos alguns membros em certos dias de trabalho, mas só isso. Em nenhum momento corremos risco de...enfim, de algo mais grave.

Uma das meninas ainda comentou: quando ela estava bem mal, com febre, ela pôde passar o dia na cama. Mas ela imaginou como seria se fosse uma mãe de família. Independentemente de como se sentisse, ela ainda teria que buscar água no poço e cozinhar, porque senão as crianças iam passar fome e sede.

Um dos professores da Universidade de Makerere, especialista em saneamento, comentou em uma apresentação que das 300.000 vítimas fatais dos conflitos recentes de Darfur, no Sudão, estima-se que apenas 20% pereceram por violência direta. Os outros 80% são atribuídos a doenças causadas pela falta de saneamento e higiene em campos para aqueles que tiveram que deixar seus lares.


Se fôssemos uma família africana, e não um grupo de estudantes estrangeiros, talvez alguns de nós não estivesse mais aqui para ver outro nascer do sol.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O barato que sai caro

Essa semana eu precisava comprar papel. Fui no correio, e tinha um bloco daqueles papéis de impressora por 3,70. Do lado, tinha um outro bloco por 2,70. Comprei o mais barato. Errei! O papel é muito fino, só de tirar do bloco ele já tá todo amassado. Sabe guardanapo de pastel de feira? Então. Agora eu tenho um bloco de guardanapo de pastel de feira em tamanho A4.

É mais ou menos isso que acontece em Uganda. A diferença é que por lá eles nem tem a opção do bloco de 3,70. O que chega pra eles é o pior dos produtos chineses de má qualidade.

Ainda em Kampala, nós compramos quatro bolas, uma delas vazia, e quatro bombas de ar pra dar de presente nas escolas que íamos visitar em Gulu. Eu tentei encher a bola vazia. Com a primeira bomba, quebrei a parte de baixo, onde encaixa a agulha. A segunda, quebrei a parte de cima. A terceira consegui quebrar embaixo E em cima. Tive um ataque de fúria e desisti.

Nas escolas em que visitamos, eles tinham tanques pequenos de água perto das latrinas para lavar as mãos. Devia caber uns 20 litros de água em cada tanque. Ou seja, se não tiver alguém enchendo-os o tempo todo, ninguém pode lavar as mãos.
Um dos tanques tinha água. Deu até medo de usar a torneira...medo de quebrar. As torneiras pareciam muito frágeis. Depois de destruir três bombas de ar, eu que não ia me arriscar a ser o maldito que veio lá dos quintos dos infernos só pra quebrar a torneira deles.

Nas quatro escolas em que estivemos existiam enormes tanques de água pra coletar a chuva que cai nos telhados. Na escola em que fui, eles tinham três tanques de dez mil litros. E em todos os tanques, nas quatro escolas, não há torneiras. Elas tinham quebrado, ou tinham sido roubadas durante a noite.

É, você leu certo: roubadas. A situação lá é tal que tem gente que invade as escolas à noite pra roubar torneiras.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Os idiomas e a educação

Até não muito tempo atrás, o único idioma oficial de Uganda era o inglês. Com a criação da comunidade do Leste Africano, foi decidido que a língua oficial do bloco seria o Swahili. O idioma foi então instituído como segunda língua oficial do país.

Em Uganda há 62 grupos étnicos, sendo 23 ou 24 os maiores grupos. Cada um com seu próprio idioma, cultura, e costumes. Em Kampala, por exemplo, fala-se Luganda. "Olá" é "Oly otia". Mas em Gulu, terra dos Acholi, eles dizem "Cop ango".

Diante desse mosaico, o inglês foi escolhido como idioma para unificar o país. E apesar de o Swahili ser a outra língua oficial, ele não é a língua materna de ninguém. Ele é falado no Quênia e Tanzânia, mas não em Uganda. E as pessoas tem um pouco de rejeição em aprendê-lo, por razões históricas.

No nosso grupo tínhamos um neo-zelandês e um australiano. Os dois diziam que era impressionante o inglês que as pessoas falavam, comparável ao de países com língua inglesa materna. O fato é que em Uganda as crianças começam a aprender inglês desde a pré-escola.

Aos 6 anos de idade, as crianças começam o primário. São 7 anos de escola primária, mais 6 de secundária, e então a universidade. Até a terceira série do primário, o P3, as aulas são no idioma local. Do P4 em diante, é tudo em inglês.

Nas nossas visitas às escolas, só com os pequeninos tínhamos dificuldade de conversar. Os outros todos falavam um inglês impecável.


E já que falei das escolas, quero contar algo que aconteceu em Gulu. Como não tínhamos nenhuma atividade programada para o domingo, meu time resolveu passear pela cidade (tínhamos nos dividido em times de 4 pessoas, lembram?). Andamos cerca de 300 metros até o fim da avenida na frente de nosso hotel, e ela terminava em uma vila de cabanas, daquelas bem tradicionais mesmo. Como estas.


Junto da vila havia uma escola. O portão estava aberto, e entramos. Algumas crianças da vila nos seguiram, e ficavam brincando de se esconder toda vez que virávamos para olhá-las. A escola era muito parecida com as outras escolas que visitamos.

E dentro de uma sala de aula, havia uma menina. Sozinha, ela estava escrevendo com giz no quadro-negro. Meus amigos continuaram andando, mas eu resolvi ir até lá falar com ela. Bati na porta, e perguntei se ela era professora.

Ela respondeu que não, disse que estudava lá e estava no último ano da escola. Presumi que tinha uns 17 anos. Então perguntei porque ela estava ali, sozinha, escrevendo na lousa num domingo. E ela me contou que todos os finais de semana ela vinha para a escola e escrevia na lousa tudo que tinha aprendido durante aquela semana. Escrevia na lousa e depois apagava. Perguntei se ela queria continuar estudando depois que terminasse a escola, e ela disse que sim.


Sabe, às vezes eu acho que ainda há Esperança para a humanidade. Ainda há, sim. Às vezes.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Água do poço

Comentei no outro post que busquei água no poço para as crianças lavarem as mãos.

Buscar água é um trabalho para as mulheres - elas buscam água no poço e a carregam em galões de 20 litros. E voltam equilibrando os 20 quilos na cabeça, e por vezes mais 20 em cada braço e um bebê pendurado nas costas. É impressionante.

Cara, carregar 20 litros na cabeça não é fácil. Na próxima vez que você for carregar peso, tenta colocar na cabeça. Equilibrar é quase impossível, mas é muito mais confortável! Só não faça isso na África, por lá só mulheres equilibram coisas na cabeça. Macho que é macho carrega no ombro.

Mas eu, como era branco turista, tentei equilibrar na cabeça. O poço fica a cerca de 100 metros do prédio principal da escola. Dos 20 litros só chegaram uns 15. Mas o tanto que eu fiz aquelas meninas rirem valeu a empreitada! Hehe. E tava calor mesmo, uma refrescadinha caiu bem.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sete bilhões

Uma pausa nas histórias de Uganda pra falar de outra coisa.

Hoje é a data simbólica em que a população mundial atinge 7 bilhões de pessoas, de acordo com as Nações Unidas.


http://www.npr.org/series/141810687/7-billion-people-one-planet

Sete bilhões de pessoas. SETE BILHÕES! Pra ficar um pouco mais visível:


7.000.000.000 de pessoas


Sete bilhões de sonhos. Sete bilhões de conflitos. Sete bilhões de amarguras. Sete bilhões de esperanças.

E aí eu me pergunto, nosso planeta é capaz de aguentar tanta gente? Tanta destruição?

E desses sete bilhões, quantos tem a oportunidade de viver uma vida digna? Quantos chegaram a comemorar seu primeiro aniversário? Quantos dormem com a certeza de que amanhã vão ter algo pra comer?


Mas a questão mais importante:

O que EU posso fazer quanto a isso?

domingo, 13 de novembro de 2011

As Risadas

Como tinha comentado, passei meu aniversário em Uganda. E foi fantástico!

Caiu bem na segunda-feira em que visitamos novamente as escolas. Meu grupo de 4 pessoas acabou se dividindo, metade foi para o Gulu District Water Office, e uma menina e eu fomos para a escola. Lá fizemos uma atividade com as crianças do Primary 1 (por volta dos 6 anos de idade).

Primeiro nós demos papel e caneta pra todos, e pedimos para desenharem o banheiro. Era uma forma de descobrir o que eles pensam do banheiro, se acham que é assustador, ou o que gostariam que fosse a latrina ideal pra eles.

Também tínhamos levado tinta. A menina pintou a mão dela de vermelho, e eu pintei a minha de azul. Explicamos como a tinta era a sujeira que fica na nossa mão e que nos deixa doentes. Apertamos a mão um do outro, e eles viram como a tinta passa de um para o outro. E daí marcamos nossas mãos no papel, pra mostrar como tudo que a gente toca também fica contaminado se nossas mãos estão sujas. Eles não falam inglês ainda, mas a professora foi traduzindo tudo.

Daí distribuímos mais papel e começamos a pintar as mãos deles. O primeiro menininho ficou me olhando sem saber o que fazer. A classe inteira olhando ansiosa. Eu fiz o gesto "bate no papel!". E ele respirou e BAM, deu um tapão no papel. A classe inteira explodiu em risos! E todos quiseram pintar as mãos pra marcar no papel. A cada BAM, uma explosão de risadas.

Depois que todos tinham pintado as mãos, ainda tínhamos tinta. Pintei a minha mão de novo, e dei um high-five num menininho. A classe foi à loucura!! Todos levantaram duma só vez e correram pra frente pra me dar high-five! Hehe.

Depois levamos eles pra fora para lavarem as mãos, explicamos como eles devem lavar as mãos sempre antes de comer e depois de ir no banheiro. Tínhamos levado sabão, e mais cedo eu tinha ido buscar água no poço com uma aluna mais velha.


O som daquelas risadas vai ecoar por muito tempo nos meus ouvidos.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O Galo

Depois de chegar, nós passamos 2 dias na capital Kampala, e depois fomos para Gulu, no norte. Gulu é especial por dois motivos: até alguns anos atrás era uma região que estava em guerra e que hoje está sendo reconstruída, e é também a terra natal de Obeja, um dos membros do nosso time.

Sendo 16 no total, nos dividimos em 4 grupos, e visitamos 4 escolas diferentes na sexta e na segunda-feira. No sábado e domingo, cada equipe teve atividades diferentes dependendo do que arranjasse: meu time, por exemplo, visitou a Cia de água de saneamento e o escritório de abastecimento rural de água, enquanto um outro time participou de uma reunião do conselho da escola que visitaram, e outro ainda foi convidado especial para uma volta por uma comunidade rural, junto com o ancião do vilarejo.

E uma história que aconteceu com esse último grupo eu gostaria de contar aqui.


Eles visitaram o lar de um casal HIV positivo. Lá por aquelas bandas a transmissão de AIDS é um problema sério - não há prevenção e os índices de contaminação são muito altos. Os dois tem cinco filhos, sendo 2 também HIV positivos. Por risco de contaminação, a mãe não pode amamentar os gêmeos mais novos, e a família precisa comprar leite diariamente.

Juntos, o casal ganha 100.000 shillings por mês. Isso dá menos que 30 euros, ou quase 68 reais. Desse dinheiro, 75.000 é gasto com o leite para as crianças.

A família tem uma latrina na parte de fora de casa. É um buraco fundo no chão, com uma casinha em cima, e em cujo assoalho há um buraco pelo qual, bem, a mágica acontece. Quando eles a construíram, não havia madeira seca, então acabaram usando madeira ainda verde. Com o peso das pessoas, o assoalho começou a envergar. Na estação chuvosa, o solo começou a ceder, então o risco de a latrina desabar com alguém dentro é grande. Se for uma criança pequena então, é game over. Por medo de perder um filho, a mãe proibiu as crianças de usar a latrina, e eles voltaram a usar os arbustos.

Há um poço próximo, e dali eles pegam água em galões e transportam para casa. Mas com chuva, a água fica barrenta, e eles precisam ir até um outro poço bem mais longe.

Os pais contaram que antes de começar a tomar os remédios para a AIDS, sentiam-se muito fracos e doentes. Temiam perecer e os filhos ficarem sem ninguém para cuidar deles. Mas agora que tomavam os remédios, tudo estava bem, porque sentiam-se novamente fortes e capazes de cuidar das crianças.


Em um dado momento, o pai perguntou para um dos meus colegas se ele gostava de...bom, ele não entendeu o que era, na hora ele achou que fosse uma fruta. E respondeu que sim, adorava.

Eles foram dali visitar a igreja próxima, e ele reparou que as crianças começaram a correr pelo quintal. Achou que fosse uma brincadeira. Lá pelas tantas, as crianças finalmente alcançaram o que perseguiam: um galo. Um galo não, O galo. O melhor galo. E felizes trouxeram para o pai.

Este, então, tomou o galo nas mãos, e deu de presente para o meu amigo.


Aquela família que não tinha nada, aquele homem que padecia de AIDS e trabalhava dois turnos diários como vigia para ter dinheiro para comprar leite já que a esposa não podia amamentar, aquelas pessoas estavam dando de presente para as visitas o melhor galo que tinham.


Difícil imaginar o turbilhão de coisas que passaram pelas cabeças dos meus colegas naquele momento. Obeja estava lá, e deixou claro que recusar o presente seria uma ofensa terrível.

Eles agradeceram e voltaram para o carro, com o galo nas mãos, sem saber o que fazer. Depois de muito, muito discutir, decidiram fazer exatamente o que o anfitrião gostaria que fizessem: aproveitaram o galo. No domingo, na casa do professor que os havia levado ao vilarejo, comeram galo à moda ugandense/ugandesa/de Uganda.

Mas eles sentiram que deviam retribuir. Desligaram-se de qualquer vínculo com Unicef, Aalto University, com o projeto, e como pessoas foram ao local onde o pai compra o leite e pagaram por dois meses de leite para as crianças. Deram à família a nota fiscal, explicaram que acharam que essa era a forma mais adequada de retribuir o presente, e agradeceram.


Uganda!

O que se pode aprender

Voltei de Uganda e tô atolado de trabalhos pra fazer, por isso ainda não tinha postado nada aqui (pra desespero da minha mãe haha!).

A viagem foi incrível! Impossível ir até lá e voltar a mesma pessoa de antes. Quer dizer, possível é, mas pra isso você tem que ser muito, mas muito cretino.

Lá é um país onde tudo falta. Tudo, até as coisas que nos parecem mais simples. Eletricidade. Água. Comida. E num lugar onde não há nada de material, o que resta?

As pessoas.

Num lugar como esse, não há como se esconder atrás de grife ou das facilidades modernas. Você é o que é, e pronto. Quem tem medo de descobrir quem é, não deve ir a um lugar assim. Ou se for, que trate de fechar bem os olhos e ouvidos. Porque lá, o belo e o terrível convivem lado a lado. As piores monstruosidades que o homem é capaz de fazer estão lá, com suas feridas, metafóricas e literais, ainda abertas pra quem quiser ver. E ao mesmo tempo, os maiores exemplos de Coragem e Bondade que já vi. Os mais puros sorrisos.

As pessoas. Pessoas que andam quilômetros para ir à escola, para buscar água, ou até mesmo para poderem dormir sem medo de serem sequestradas pelas milícias.

Pessoas que não tem nada e alegram-se em dividir o nada que tem com aqueles que tem menos ainda.

Pessoas com Esperança no futuro, mesmo que o presente não canse de lhes pisotear.


Diante disso, é difícil não se questionar. Quem sou? O que tenho feito da minha Vida?


Mas se isso tudo te assusta, não se preocupe, Uganda é muito legal até mesmo pra você - lá também dá pra fazer rafting no Rio Nilo e safári com os gorilas da montanha.

domingo, 30 de outubro de 2011

Por que viemos?

A verdade eh que eu odeio aqueles blogs com posts longos, eu mesmo fico com preguica de ler. Mas percebi que nunca expliquei direito o que viemos fazer aqui em Uganda.

Nosso time eh bem grande. Somos 7 do curso de PDP - Product Development Project - 4 do curso de IDBM - International Design Business Management - e mais 4 da Universidade de Makerere, em Kampala, Uganda. No total, temos estudantes da Finlandia, Nova Zelandia, Coreia do Sul, India, Uganda, e, claro, Brasil.

O objetivo da equipe do PDP eh criar um prototipo, um produto com foco em higiene e saneamento em escolas ugandenses. O objetivo do IDBM eh tornar o produto economicamente sustentavel. Nao podemos, por exemplo, usar aluminio se nao ha aluminio disponivel na regiao, ou se ele eh caro demais para uma escola.
O fato eh que por aqui muitas e muitas ideias e projetos mirabolantes ja foram testados. A maioria falhou, e por que? Grande parte nao levou em conta um elemento aparentemente simples, mas crucial: O que as pessoas realmente querem?

No nosso caso, nao adianta fazer algo que funcionaria na Finlandia, pelo simples fato de que os finlandeses nao sao ugandenses. Muitos projetos simplesmente esqueceram de considerar a cultura e os costumes das pessoas que iriam realmente utilizar o produto / projeto / coisa. Outros simplesmente chegaram, despejaram o resolvedor de todos os problemas do mundo, e foram embora, sem ensinar como utilizar, como manter, e mais importante ainda, sem pensar se a comunidade seria capaz de fazer a manutencao com os elementos disponiveis na regiao.

Esses sao os grandes desafios, e o fato de termos uma parte da equipe focada em aspectos abstratos eh importante para o sucesso do projeto. Alem disso, temos uma equipe INCRIVEL de estudantes ugandenses que nos ajudam a manter os "pes no chao".


E por mais que se oucam historias, ou que se vejam fotos, eh simplesmente impossivel fazer a imagem de como eh a situacao aqui. O ambiente, os cheiros, as pessoas, tudo isso eh muito diferente quando se sente na pele. Essa eh a importancia de nossa viagem: nao podemos desenvolver algo para um ambiente e pessoas que nao conhecemos.

Mas sinto que estamos seguindo um bom caminho. Sabem quando parece que as coisas comecam a se encaixar sozinhas, e tudo parece que da certo? Eu vejo isso como um sinal de que estamos fazendo bem nosso trabalho.

Depois eu conto mais.

sábado, 22 de outubro de 2011

Global Dignity Day


Quinta-feira passada foi o Global Dignity Day. Lembram do comercial que gravei? Era pra isso.

Num mundo dividido em religiões, países, crenças, idiomas e culturas, os criadores do Global Dignity elegeram o desejo pela Dignidade como algo que nos unia, como homens. Daí o nome. E dessa vez o evento foi na Finlândia, na quarta-feira, e por causa do comercial eu ganhei um ingresso:


Os três primeiros a falar foram os fundadores do projeto...Falaram o príncipe herdeiro da Noruega, um cara jovem e com bela visão do mundo. Um filósofo finlandês autor de sei lá quantos livros e blats blats blats...mas gostei dele também, nada de Marilena Chaui...(minhas sinceras desculpas se vc gosta dela! Hehe... Na verdade desculpa é o caramba, se você gosta dela, feche já o navegador e nunca mais volte aqui!). Também John Hope Bryant, fundador e CEO da Operation HOPE, uma ONG internacional, e também conselheiro econômico do Mr. Obama. 

Mas os pontos altos da noite ficaram pro final: o ex-presidente da Finlândia Martti Ahtisaari, que durante toda sua carreira pública trabalhou mediando e promovendo negociações de Paz e por isso ganhou o Prêmio Nobel da Paz...e pra finalizar, o arcebispo sul-africano Desmond Tutu, Amigo do Sr. Mandela, um dos que também ajudaram a acabar com o apartheid e também ganhador do Prêmio Nobel da Paz.

Ouvir todos esses caras falando...nossa. Foi sensacional.

Foi muito bonito ouvi-los falando de um mundo melhor. Um mundo onde as pessoas se respeitam. E ver nos seus rostos já cansados a luz de quem realmente lutou por isso, não se limitando a vazias palavras, lutando da maneira como eles enxergavam, da maneira como lhes era possível. Realmente inspirador. Ouvir o testemunho de gente que realmente trabalhou, sabem? "Olha, eu to falando isso, e eu não só sei falar bonito, mas também na minha Vida eu fiz isso, e isso, e isso...". E os discursos foram voltados pra nós, estudantes, como que dizendo que agora é nossa vez, o desafio está aí, o que vão fazer com isso?

Me fez acreditar novamente que sim, os Bons são maioria.


E eu gostaria de reproduzir aqui uma história que John Hope Bryant contou. 

Ele disse que existem três tipos de aves no mundo. Infelizmente não lembro agora qual era o segundo exatamente, mas pra todos os efeitos a substituição que vou fazer serve.

No mundo, existem Águias, pombos, e perus. 

As Águias são pássaros que voam a grandes altitudes. Elas voam acima de tudo, e de lá enxergam longe. Mas você nunca as vê em bando. Você vê uma, e somente uma Águia.
Os pombos voam a baixas altitudes, e em bandos. Para voar, precisam pisar nas cabeças das pessoas. 
E os perus, apesar de terem asas, não voam. Limitam-se a fingir ser algo que não são. Ignoram seu dom de pássaro. Vivem com os pés pregados no chão.

E você, meu caro, que tipo de pássaro quer ser?

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sexta-feira à noite

Saí na varanda e tinha uma galera bêbada cantando Bohemian Rhapsody lá fora.

Finland is a great country.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O vídeo pra ninguém se perder

Como já disse, logo menos eu vou pra Uganda. Por "logo menos", entendam "segunda-feira".

Meu aniversário é dia 31, e eu tava chamando todos meus conhecidos na Europa pra vir pra Finlândia. Alguns já tinham comprado a passagem, pagando bem barato, quando fui aprovado no projeto. Como tinham comprado na promoção, eles não podiam trocar. Ou seja: eu vou pra Uganda, meus amigos vêm, meus amigos vão, e daí eu volto. Não vou vê-los.

Mesmo assim, eles vão ficar em casa. Daí eu gravei esse vídeo hoje pra ensinar como chegar aqui. Era só pra eles, mas resolvi postar aqui pq achei que minha legião de fãs vai se interessar. Por "legião de fãs", entendam "minha mãe".

Eu ia acelerar umas partes, mas o programa tosco que tenho nao abria o arquivo. Mas de bônus no meio do caminho ainda encontrei meus amigos, hoje de tarde nós tivemos prova de finlandês.



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Churrasco na festa da Independência de Uganda

Domingo passado (9 de outubro) foi comemorado o dia da independência de Uganda. No sábado aconteceu uma festa na Aalto Design Factory da comunidade...ugandesa? Como se diz? Enfim, da galera bacana que nasceu nesse belo país chamado Uganda e hoje mora na Finlândia.

Uns dias antes eu perguntei como poderia ajudar, eles falaram como ia ser a festa, e perguntei se eles gostariam de provar o mais delicioso churrasco da vida deles. Sou brasileiro, eu disse, churrasco tá no meu DNA...baita mentira, eu nunca tinha feito churrasco na vida. No Brasil, sempre fica na mão de outra pessoa e quando eu tenho que cuidar, eu esqueço e a carne queima. Mesmo assim, na cara-de-pau, me ofereci pra ser Barbecue Master. Óbvio que aceitaram.

Depois me dei conta da encrenca que tinha me metido: se o churrasco ficasse ruim, eu ia ser publicamente humilhado além de deixar umas 50 pessoas com fome. Haha! Ideia imbecil que eu tive.

No fatídico dia, vesti minha mais completa cara de conteúdo e mandei ver. Me lembrei das manhas que um amigo me ensinou  depois de assistir o DVD Magia do Churrasco: "quando você coloca a mão 30cm acima da churrasqueira, se você aguentar só 4s é porque a temperatura está perfeita", ou "você tem todos os pontos da carne na palma de sua mão". Eu ficava falando bobagem, e todo mundo em volta acreditando.

Paguei tanto de churrasqueiro, que as pessoas tavam me vendo assim:


E o que tava acontecendo, na verdade era:



E o pior: o churrasco ficou bom mesmo. Tá no DNA.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Apareci na televisão!

Apareci na TV finlandesa. Hoje meu flatmate me disse "Ô caramba, te vi na TV outro dia! Mas que caralhos...???"

Antes que vocês fiquem preocupados (ou orgulhosos): não foi no noticiário policial. Foi num comercial do Global Dignity Day.

É que um dia lá na Aalto Design Factory minha amiga tava precisando de gente prum comercial que tavam gravando. Daí participei. Se algum dia achar o vídeo, eu posto aqui.

domingo, 9 de outubro de 2011

Corrida de submarinos

Aconteceu em Helsinki a maior corrida de submarinos da galáxia. Multidões ensandecidas dominaram as ruas. Alegria, excitação, desilusão, todos misturados em um só espetacular evento.

Publico aqui uma foto da competição:


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A furadeira e a despedida

Na terça 8 da manhã começaram a furar uma parede. Saí do quarto e pelo som vi que era aqui em casa. Tinha um cara com uniforme de manutenção furando meu banheiro. Tava com tanto sono que dormi de novo mesmo com o barulho. Acordei atrasado depois, meio dormindo desesperado entrei no banheiro tinha um buracão na parede. Perguntei pro Zia (meu flatmate) o que tinha acontecido, ele falou que mais cedo uns piratas tinham vindo buscar um tesouro escondido, por uns segundos fiquei tipo "ãhnnn....???"

Amanhã o Zia e seu irmão Waqar vão se mudar. Vão pro prédio aqui do lado, mas fico triste de não dividir mais o apartamento com eles. Eles são as pessoas mais gentis que já conheci! Eu dei de presente pra eles uma miniatura da catedral de Sv. Vlaho de Dubrovnik que comprei na Croácia. Eu tinha comprado pra mim de lembrança do meu lugar favorito do meu país favorito, e exatamente por ser um objeto tão especial pra mim que escolhi pra ficar de lembrança do nosso curto período dividindo apartamento.

Os dois são de Peshawar, no Paquistão, perto da fronteira com o Afeganistão. Tivemos muitas longas conversas  nesse pouco mais de um mês juntos. É muito interessante ver como viemos de realidades ao mesmo tempo tão diferentes e tão parecidas.

Se o próximo habitante do 163 for metade gente boa do que eles, a paz vai continuar reinando por aqui.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O interruptor do banheiro

Na Europa em geral os interruptores dos banheiros ficam do lado de fora. É uma grande oportunidade pra sacanear o coleguinha, hooohohoho!


domingo, 25 de setembro de 2011

Sobre os fogos de artifício aleatórios

Lembram dos fogos de artifício aleatórios? Uma explicação muito boa neste link, e uma melhor ainda neste outro link.

Turismo: Helsinki, Suomenlinna e Tallinn

No fim de semana passado fiz um pouco de turismo com meus colegas estrangeiros. Na sexta à tarde saímos andando por Helsinki. No sábado pegamos 15min de barco e fomos à fortaleza de Suomenlinna. E na segunda fomos a Tallinn, a capital da Estônia.

O passeio pra Estônia é bem famoso por aqui. Álcool e tabaco têm impostos mais altos na Finlândia, então o pessoal vai direto pra Tallinn comprar bebida. Voltei carregando várias encomendas, haha.

Parlamento Finlandês

Catedral

De novo a catedral

Música na noite finlandesa

Catedral ortodoxa

Parque em Suomenlinna

Três horas de por-do-sol em Suomenlinna

Outono chegando

Suomenlinna

King's gate (Suomenlinna)

Indo pra Tallinn

Tallinn do alto da torre

A torre do alto de Tallinn

Muralhas de Tallinn

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Abra-se a novas experiências, e elas virão

Centenas de pessoas me escreveram pedindo pra postar mais... Mentira, ninguèm pediu, sò minha mae e minha tia. Mas enfim, jà falei vàrias vezes que meus dias aqui tem sido muito cheios, e nao era mentira. Sò que tem uma coisa que eu realmente preciso contar.

Desde que cheguei aqui na Finlandia sò tenho postado festas e festas...os mais conservadores devem tar pensando "ai ai, criamos esse menino a leite com pera e ovomaltino por tantos anos pra ele ir pra Finlandia e se perder na vida!". Realmente, se for pra acompanhar os finlandeses, a chance de voltar alcòolatra è relativamente alta. Mas calma. Se nao fossem pelas festas non-stop, nao teria acontecido uma das coisas mais fantàsticas ate aqui, e minha història na Finlandia seria beeeeem diferente.

Um dia eu conheci um cara da associaçao estudantil e que organizou uma excursao a Pequim. Eles queriam levar o maior nùmero  possìvel de estudantes para a feira mundial de Pequim em 2010, e o jeito mais barato era...de trem. 100 pessoas atravessaram a Rùssia, Mongòlia e China de trem. E este ano eles resolveram fazer uma viagem de navio. Em novembro sairao de Portugal e vao para... o Brasil. E o fim da viagem è em Sao Paulo. Ele ficou me chamando pra ir, falei que passaria o contato de uns amigos, hehe.

Dois dias depois aconteceu uma festa enorme aqui, pra todos os alunos, professores e funcionàrios...tem uma foto num post qualquer do cabo de guerra professores vs animais da floresta. E no fim da festa eu encontrei de novo com o cara da viagem, e ele perguntou se eu queria conhecer a Aalto Design Factory, que era ali do lado. Ate hoje nao sei que coisa louca è a ADF, mas è sensacional. E là ele me apresentou pra um professor que começou a falar de um curso que ele era responsàvel. Em 5 minutos de conversa eu jà tinha decidido largar outras 2 matèrias pra fazer o curso.

O curso è pra todos os alunos da universidade, e a ideia è que sao formados grupos de 10 estudantes de todas as àreas (vàrias engenharias, marketing, design, negòcios) e cada grupo tem um projeto para desenvolver. Cada projeto è patrocinado por uma pequena empresa (nomes como Ericsson, Philips, Panasonic, pra citar alguns), e os alunos tem um ano para o desenvolvimento. A grande maioria dos projetos sao bem livres, o que permite "piraçoes". Pra exemplificar, esse ano o projeto da Ericsson è um sistema pra voce rastrear suas coisas em casa. Voce pergunta onde estao suas chaves, e ele diz que està exatamente onde voce deixou, na geladeira. Outro projeto de uma empresa de elevadores è criar um ambiente interativo durante os 10-60 segundos de jornada vertical.

Link para o site da matèria.

O projeto que elegi como eu favorito è o da Unicef. Sim, agora sou parte da equipe. E estou MUITO feliz! Tive que fazer uma certa força pra dar "sorte" e conseguir o que queria... Usei minha cara-de-pau digna de quem que nao tinha nada a perder, mas como dizem por aì, o mundo è daqueles que agem, certo?

O projeto è sobre WASH - Water, Sanitation and Hygiene (Agua, Saneamento e Higiene) em escolas localizadas em àreas rurais de Uganda.

Uganda? Onde fica Uganda?

A situaçao è bem precària por là. Em mèdia sao cerca de 60 estudantes por latrina. E a situaçao è bem pior para as meninas, principalmente quando elas viram mulheres...grande parte larga a escola. A proliferaçao de doenças, mortalidade infantil, enfim, nao preciso ficar explicando aqui os males causados por falta de saneamento bàsico. E o que me atraiu para esse projeto em particular è que o impacto causado na vida dessas pessoas por uma melhoria nessa questao è enorme...gigantesco. Vàrios outros projetos apresentavam grandes desafios com os quais certamente desenvolveria muito meus dotes de computeiro, mas todos sao sobre tornar mais confortàvel a vida de gente que...sei là, tem àgua em casa.

Uganda è uma espècie de campo de experiencias da Unicef, pois là eles tem grande presença. Vàrios projetos sao testados là, e se dao certo, sao levados para outros lugares do mundo. Como disse, os projetos tendem a dar bastante espaço para criatividade, e esse nao è diferente, mas espero sinceramente que seja là qual for o nosso resultado final, ele seja considerado um sucesso.

Ah sim. O projeto inclui uma viagem. No fim de outubro vamos para Uganda. Vou comemorar 22 anos no coraçao africano.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Enganei vcs

Na verdade eu estava na Praia Grande esse tempo todo. Achei no Google todas essas fotos. Segunda to de volta em sp

domingo, 11 de setembro de 2011

Sitsit no clube sueco

A Finlândia é um país bilingue. Cerca de 6% da população tem como língua materna o sueco, e não o finlandês. Uma língua não tem absolutamente nada a ver com a outra, MESMO. Aliás, o único idioma parecido com finlandês é estoniano, e mais nada...talvez marciano, sei lá. Dizem quem húngaro tem a mesma origem, mas um finlandês não conversa com um húngaro se não for em inglês, nem a paulada.

Ao invés de fazer como é manda a tradição, ou seja, proibir o idioma sueco e obrigar todo mundo a falar finlandês, por aqui eles decidiram exatamente o contrário: todo mundo tem que aprender sueco. E os suecos, finlandês. Estranho, não? Mas por increça que parível a ideia deu certo.

Aqui na TKK os Swedish-speaking Finns tem seu próprio clube, o Teknologföreningen (TF). Na sexta eu fui no primeiro sitsit do ano por lá. Se você não sabe o que é um sitsit, leia isto.

Fiz um vídeo do começo da festa, e apesar de ele ter ficado totalmente confuso, resolvi postar aqui porque transmite bem o espírito de uma noite dessas. A não ser que você fale sueco, pode pular o discurso do mestre de cerimônias, ele só dá as boas-vindas a todos, avisa que o banheiro é lá, a saída para fumar é ali, por favor ninguém vomite lá do alto durante a festa. Como não falo sueco não lembro se foi nesse momento que ele realmente falou isso, mas quando ele fez esse singelo pedido recebeu aplausos efusivos, aparentemente porque alguém já mandou um gorfocóptero na galera sentada embaixo. Vai entender.


Fogos de artifício aleatórios e o passeio noturno

A verdade é que as coisas tem sido tão agitadas por aqui, que mesmo quando eu planejo não fazer nada, eu não consigo. Quinta-feira meu plano era sair da aula de finlandês e ficar em casa, mas na aula sentei do lado de um americano que me falou que tava todo mundo indo assistir os fogos de artifício em Helsinki. Todos os amigos pra quem liguei já sabiam, eu é que estava por fora. Meu fim-de-semana começou (sim, meu fim-de-semana começa na quinta, tomem essa) esperando na chuva pelos ditos fogos e finalmente conhecendo muitos outros intercambistas - até então eu só tinha ido nas atividades pros calouros finlandeses.

Eu ADORARIA explicar que raios de fogos eu assisti, mas não faço a menor ideia do que aconteceu lá aquele dia. Os fogos vinham de uma ilha, e as praias e ancoradouros estavam lotados de gente. Valeu o passeio.

Hoje, na volta pra casa, minha troca de ônibus deu errado. Eram 1:58 da manhã (informação relevante, aqui os ônibus são pontuais). O ônibus que eu tinha que pegar não passava mais segundo a tabelinha pregada lá, e o próximo pra Otaniemi ou arredores passava às 2:43. Decidi caminhar, eram uns 3 kilômetros. Uns 100 metros depois o 102 passou por mim - era o meu ônibus. Maldita tabela.

Se eu tivesse sido paciente e decidido esperar, seria supreendido com um 102 secreto e ia descer na porta de casa, premiando minha preguiça. Mas como eu decidi ser paciente caminhando, fui premiado com um passeio por Espoo. Às 2 da manhã. E a 12ºC.

Meu plano pros meus próximos dois dias de fim-de-semana (sim, também não tenho aula na segunda, tomem essa) é fazer nada. Sei lá se vou conseguir.

A vida é bela.

Fogos de artifício aleatórios

Esquilo mal-encarado

Fim do dia em Otaniemi

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sitsit

No fim de semana eu fiz uma viagem, mas sobre ela vou falar depois porque quero manter o assunto dos últimos posts. Como eu dizia sobre as tradições e músicas, ontem (segunda) fui no meu primeiro sitsit. É um jantar especial, formal, em que se canta, bebe, canta, come, canta, bebe. E também canta.

O sitsit de ontem era especial para os calouros da Computação, e eles reservaram uma mesa inteira pros estrangeiros também. Geralmente eles acontecem em um local especial, mas como esse era o primeiro e pequeno, foi no próprio prédio da Ciência de Computação aqui na universidade.

A maior parte do tempo eles só falaram finlandês, então fiquei meio boiando. A cada vez que o gongo soa, todos devem fazer silêncio. Alguém faz uma introdução, e puxa uma música. Na mesa, cada um tinha um guia com diversas das músicas, mas boa parte das pessoas tinha seu próprio livrinho com as canções. A maioria delas são paródias de tradicionais músicas finlandesas ou internacionais, com letras falando das coisas cotidianas da vida de um Teekkari (estudante de engenharia): álcool, sofrimento com cálculo e outras derivadas (rááá trocadalho!), e bebida. Ah, sim, tem algumas sobre bebedeiras. E sobre etanol.

No fim de cada canção, e às vezes no meio, todos brindam. De um lado, de outro, pra frente, e um gole. Quem não vai com calma, bem... Rolam boatos de que vez ou outra alguém faz um estrago na mesa. Não foi dessa vez, hehe.

Lá pelas tantas aconteceu uma performance, fiz um vídeo. Dei sorte de pegar a música certa:



E mais tarde ainda entrou a banda:



A Finlândia é fascinante.

Os de Teekarilakki (esse chapéu branco) são veteranos.

A sobremesa visualmente apetitosa

domingo, 4 de setembro de 2011

Sobre o último post

A última música que postei eles aprendem no exército (é obrigatório pra todo mundo). Eles tem várias dessas drinking songs, como eles chamam, e essa em particular tem várias e várias versões. A que coloquei a letra fala da Koskenkorva, uma vodka, que te deixa be-be-be-bebasso, mas tem também Lappeenranta (uma cidade daqui), que é onde você fica bêbado, tem a fábrica de metralhadoras, que é onde você ra-ta-ta-ta-ta, a fábrica de canhões, onde você TUM, e outras mais. É engraçado, to aprendendo.

A Finlândia é um país divertido.

Cabo de guerra: animais da floresta x professores

Malditos arquitetos. Por quê??!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Resumo do que está sendo minha semana



Ko-ko-ko-koskenko-ko-ko-korvaa
siitä aina kunnon räkä-kä-kä-kännit saa.

Ko-ko-ko-koskenko-ko-ko-korvaa
siitä aina kunnon räkä-kä-kä-kännit,
aina kunnon räkä-kä-kä-kännit,
aina kunnon räkä-kä-kä-kännit saa!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A Aalto, a TKK e as tradições

A faculdade em que estou estudando chama-se Teknillinen korkeakoulu, mais conhecida com TKK ou como Helsinki University of Technology (apesar de ficar em Espoo). É a mais tradicional faculdade de engenharia da Finlândia. Em 2010, foi criada a Aalto University, a partir da união da TKK, da Helsinki School of Economics e da Helsinki School of Arts. O nome da universidade homenageia Alvar Aalto, um dos maiores arquitetos finlandeses, que foi quem projetou o campus de Otaniemi, onde está a TKK.
Pros meus amigos que gostam de ler artigos, mais informações aqui.

E a vida na TKK inclui algumas tradições muito fortes por aqui. As associações estudantis são muito organizadas, anos-luz à frente de qualquer coisa que temos no Brasil. O apartamento em que moro, por exemplo, é do "grêmio". Cada curso tem a sua guilda, como eles chamam, que é algo como uma mistura entre as fraternities dos americanos e os nossos CAs. Todos usam um uniforme, cada grupo de uma cor específica, e aqueles que já passaram pelo primeiro Wappu (um festival enorme em maio) recebem um chapeu branco.

Como falei no outro post, tô me esforçando no sentido de me enturmar logo. E como a programação pros intercambistas tava muito fraquinha, me enfiei nos eventos (leia-se: festas) pros calouros. Ontem especificamente levaram os calouros da computação (mais eu e um espanhol) pra uma casa e apresentaram a Tietokilta, a guilda da Comp. Tiveram várias atividades de integração, e eu fiz esse vídeo:


É uma musiquinha da comp. E eu tive uma crise de riso a primeira vez que ouvi, sei lá por quê. Porque tava em finlandês. Porque eram finlandeses felizes cantando. Sei lá! Hahaha. Pra eles também é engraçado eu tentando falar finlandês.

Mais tarde voltamos pra Otaniemi e em outra festa, exatamente à meia-noite, como manda a tradição, tudo parou, a banda entrou, todos seguraram seus chapéus acima das cabeças e cantaram o Teekkarihymni, o hino dos estudantes da TKK:


Não dá pra ver nada, mas dá pra ouvir. Preciso aprender logo a cantar, não quero ficar deslocado.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Dias cheios

Olá senhoras e senhores, meninas e meninos, e Bruninho.

Vou postar correndo apenas pra dizer que os meus primeiros dias aqui tão sendo muuuito cheios, e por isso talvez vcs estejam vendo menos fotos do que gostariam. Mas o fato é que quero aproveitar minha euforia inicial pra conhecer o maior número de pessoas possível por aqui. Pq mais tarde inevitavelmente virão a depressão e a saudade, e pelas minhas contas isso vai acontecer justamente na pior época do ano segundo os próprios finlandeses: novembro. Em novembro os dias já são mais curtos, mas ainda não há neve. Então é um mês muito, mas muito escuro. Sombrio.

Mas pra compensar, vou postar uma foto muito especial pra mim:


Esse sou eu no primeiro dia em frente ao prédio do auditório principal da faculdade. Essa foto é especial pra mim porque lá atrás, em janeiro, quando comecei a pesquisar sobre as faculdades que poderia escolher para o intercâmbio, uma das primeiras coisas que achei sobre a TKK foi uma foto exatamente deste prédio, mais ou menos do mesmo ângulo da foto acima.
Quando decidi que era aqui que queria estudar, me imaginava caminhando neste gramado, sentado nos degraus...enfim, aquela coisa que a gente ouve falar que pensamento positivo ajuda, sabem?? hehe. Bom, com 4 horas de Finlândia nas costas, lá estava eu, naquele gramado, na frente daquele prédio.

Fica difícil descrever em palavras a explosão de felicidade que sentia no momento dessa foto. É com um pequeno símbolo dessa felicidade que encerro esta transmissão.

domingo, 28 de agosto de 2011

Cheguei!

Comecei o blog com hundred million posts sobre a Croácia e justamente quando cheguei na Finlândia fiz silêncio. Bom, não aceito reclamações, avisei no primeiro post que isso aqui ia ser uma porcaria! haha! Mas o motivo é que desde que cheguei aqui não parei um segundo.

Cada grupo de estrangeiros tem um tutor, que é um aluno daqui que te acompanha e ajuda no começo. Um dos meus três tutores é o Lauri, e ele foi me encontrar no aeroporto. Trouxemos minhas coisas até meu quarto e...cara, que desgraça tava este quarto. Um vietnamita morou seis meses sem limpar absolutamente nada, e depois dele ainda passaram 2 indianos.
A palavra que eu conheço que melhor descreve o estado do quarto naquele momento é em croata: prljavo. Prljavo significa sujo. Mas pela sonoridade...Prljavo soa que nem um tapa, uma cuspida na cara. Prljavo é violento. Prljavo! Assim tava o quarto.
Quando eu fiz a faxina, gastei 5 horas lavando tudo e tô até agora com dor nas costas. Achei uma cebola apodrecendo embaixo da estante, dava pra tecer uma camisa com os algodões de poeira. Tenso. Prljavo -- Tupish! Tapa na cara.

Depois de deixar minhas coisas a gente foi almoçar e à noite saímos. Na Finlândia, faça como os finlandeses, certo? E nada mais finlandês do que...beber! E fomos pra balada.
Lá pelas 2 da manhã o Lauri disse que tínhamos que ir senão perderíamos o último ônibus. A amiga dele falou "Eu moro aqui perto, vocês podem dormir lá em cas...". Ela nem terminou a frase eu já tinha aceito. Sei lá se ela tava falando só por educação, mas por nada no planeta eu ia perder a chance de não dormir naquele quarto imundo.

Nos dias seguintes fiz minha matrícula na faculdade, paguei o aluguel, abri conta no banco, etc. etc...tava me acertando por aqui. Na sexta-feira ainda aconteceu a Helsinki Night of Arts, um evento que todo mundo vai em massa pra cidade não pra ver porcaria de arte nenhuma, mas sim pra beber. Hoje, domingão, dei aquela merecidíssima dormida infinita de quem viajou muito e dormiu pouco. No meu quarto limpo.

Resumindo: cheguei. Tô bem.

Quase lá!

O mar, o cisne, a Nokia

Nova Poli!

Nova comida!

Novo país!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Medvedgrad: programa de índio

NÃO VÁ, NÃO VÁ A MEDVEDGRAD!!!! Eu insisti pra irmos no Mirogoj, mas a Marília fez questão de subir a montanha. Não tem nada lá, nem água.

Vejam o relato detalhado (e levemente incorreto) da Marília aqui.

A vista de Zagreb

A fortaleza

A subida

Eu

A carona de volta: 15 minutos de carro, na descida. Nós subimos à pé.